domingo, 2 de agosto de 2020

História: A Árvore Generosa



Nesse conto a relação de um menino e uma árvore nos remete a estratificação que acontece diariamente e muito pouco é abordada com a real significância que merece no nosso cotidiano. 

Um convite para "sermos felizes" sem precisar sacrificar nosso bem maior, a natureza! 

História: Quando a Escola é de Vidro



A história narrada transcorre de forma figurada sobre a forma tradicional de ensino. O vidro que atormenta o personagem nessa narrativa é superado pela descoberta das "escolas experimentais". Para além de atingir o público infantil, vai até docentes fazendo refletir sobre nossa práxis, quer sensibilizar sobre a importância de respeitarmos os interesses dos educandos.

Espero que assistam, reflitam, inspirem-se e claro compartilhem. 😊😊 

quinta-feira, 16 de julho de 2020

História: Quem Manda Aqui? um livro de política para crianças



    Dando continuidade ao projeto a segunda história é "Quem Manda Aqui? um livro de política para crianças" de André Rodrigues, Larissa Ribeiro, Paula Desgualdo e Pedro Markum. Essa história faz uma leitura crítica sobre a história social e política de nosso país de uma maneira muito simples e gostosa. É preciso refletir desde sempre as engendrações que acometem/ram nossas histórias enquanto seres de direitos, nessa perspectiva essa história nos revela que:

"Era uma vez você. Que não é a mais forte, a mais velha, a mais alta, a mais rica nem a mais bonita. Alguém que as vezes manda e às vezes tem que obedecer. Mas que descobriu que também pode escolher"

Espero que gostem!!😉😊

Primeira História: A Folha que Queria Ser um Barco de Papel 😊😍




    O primeiro vídeo do Projeto das atividades remotas do PEAC/2020, conta a história de uma folha que nutria o sonho de se tornar um barquinho de papel. Conta com a boa intenção de um menino que a encontra enquanto voava sem rumo por ai. Os dois juntos dobra a dobra vão constituindo o sonho da folha e a aprendizagem do menino em um lindo elo demonstrativo de coragem e empatia. 

    A história: A Folha que Queria Ser um Barco de Papel, sem dúvidas é tocante e sensível e não poderia deixar a primeira história para esse projeto experimental, assim como o "menino" que dobrava a folha quem escreve nesse blog estava muito ansioso e esperançoso por fazer um bom trabalho. 

Espero que gostem!! 😉😆

segunda-feira, 13 de julho de 2020

PEAC em Tempos de Pandemia: Oficina de Contação de Histórias

1.                 INTRODUÇÃO

Partindo da necessidade de manter as atividades do Programa Escola Aberta para a Cidadania (PEAC), no ano de 2020, segundo semestre, considerando a pandemia provocada pela doença Covid-19, se faz preciso a reformulação do cronograma elaborado até então. As atividades passam de presenciais para remotas, mediadas imprescindivelmente pelas tecnologias de informação e comunicação (TIC). A Oficina de Contação de Histórias – originalmente realizada na Brinquedoteca: Vivências Significadas – ganha um espaço no canal da plataforma Youtube – Paidagogo Lunático – compartilhada no perfil do Facebook da escola, com vídeos assíncronos, leva aos interessados contos de boca e recontos de diversas culturas. Preferivelmente serão disponibilizados aos sábados, deixando o espaço de uma semana para divulgação e posterior avaliação de sua adesão, por meio de likes e comentários, que serão considerados feedbacks das propostas. O principio norteador para seleção e elaboração dos vídeos é a possibilidade de promover o pensamento crítico e emancipador característicos do ser cidadão.  

 

2.     OBJETIVOS

a)    Manter as atividades lúdicas-pedagógicas do PEAC, na EEEM gal. José Flores da Cunha em situação de pandemia (Covid-19);

b)   Utilizar as TIC como forma de democratização ao acesso as atividades de contação de histórias;

c)     Avaliar o desempenho das abordagens remotas do PEAC, e suas possíveis reorganizações.

 

3.                 METODOLOGIA

A)               Da seleção das histórias:

As histórias escolhidas para essa prática fazem parte do repositório particular do oficineiro, há também alguns achados ao longo do percurso.

B)                Dos recursos pedagógicos adotados:

Poderão ser usadas desde folha sulfite branca, até bonecos amigurumi (feitos de crochê), a ideia principal deste trabalho é manter o diálogo com as crianças e jovens promovendo a cidadania e reflexão acerca das narrativas.

C)    Da gravação dos vídeos:

Partirá de maneira caseira, por meio da câmera do aparelho celular, ou mesmo, do notebook particular.


4.     AVALIAÇÃO

Será levado em consideração o nível de alcance atingido pelos vídeos e a capacidade reflexiva demonstrada por deles de acordo com o nível cronológico e bagagem social dos envolvidos. Os likes e compartilhamentos, mensagens de colegas professores e de responsáveis/ educandos também servirá como medidor de aceitação das histórias lançadas semanalmente.

 

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Projeto Escola Aberta para a Cidadania - Projeto 2020/01


 1.      Introdução

Preocupados em corroborar com os ideais do Programa Escola Aberta para a Cidadania e oportunizar relações de: interação, comunicação e dinâmica escolar entre os educandos, responsáveis e moradores do entorno da instituição por meio das oficinas ofertadas. Criamos a partir de conversas e observações prévias o presente trabalho afim de estimular o desenvolvimento da comunicação ativa e dialógica, como forma de divulgação do Programa e; a fomentação da identidade dele junto a comunidade escolar. Será executado de forma lúdica e pedagógica, respeitando os feedbacks[1] de cada etapa.

2.      Propostas

Passamos para as oficinas individualmente:

2.1.            Oficina de corte & Costura: Esta oficina tem seu produto final o desenvolvimento de competências que permitirão as envolvidas (em sua totalidade mulheres), apreender técnicas de corte e costura, isso servirá tanto para profissionalização quanto para reparos caseiros de roupas. Ainda colabora para a socialização, pois durante as aulas há muita conversa e as participantes criam laços de amizade; além de confraternizações que são realizadas periodicamente.
2.2.            Oficina de Futsal: A oficina de futsal tem sua abrangência significada por atender jovens que buscam nos finais de semana ocupar seu tempo praticando esporte; durante a interação os envolvidos compartilham momentos de companheirismo e lazer.      
2.3.           Oficina de Brinquedoteca: Neste espaço se desenvolve uma prática de pesquisa e extensão universitária de cunho pedagógico, são oferecidos jogos, brincadeiras e    contações de histórias aos participantes. As crianças e jovens tem a oportunidade de vivenciar de forma lúdica apreensões de conhecimento a partir de seus interesses e vivências. A oficina terá seu produto final nas publicações acadêmicas, interações entre os pares e auxílio pedagógico.

2.4.             Oficina de Crochê e Tricô: Aqui vamos desenvolver um trabalho que terá seu produto final no ensino-aprendizagem de técnicas de crochê e tricô oferecidas a comunidade escolar, tem o mesmo viés da oficina de Corte & Costura, nas questões sócio interacionais.      

3.      TRABALHO GLOBAL

Começamos o planejamento das atividades (re)pensando formas de aproximar a comunidade escolar, ilustrada por: educandos, seus responsáveis e demais indivíduos moradores do entorno da escola. Somente aproximá-los não era o suficiente, precisávamos mais, então, criamos juntando as ideias e objetivos de todas as oficinas meios de tornar essa aproximação um evento de partilha de ideias e sentimentos.
A proposta se dividiu em dois eixos centrais: a) aproximar a comunidade escolar, compreendendo que o Programa Escola Aberta para a Cidadania é um espaço coletivo de desenvolvimento do pertencimento escolar dos atores que estarão envolvidos no projeto e b) criar meios para que logo após o despertar deste sentimento todos possam dar sentido as práticas desenvolvidas nas oficinas.
Para além dos produtos finais das oficinas nesse ano o Programa Escola Aberta para a Cidadania conta com um planejamento que soma os esforços empreendidos em cada uma das oficinas para criar uma divulgação maior do trabalho que já vem sendo desenvolvido.
As oficinas de: Brinquedoteca e Futsal fomentarão também a repaginação de escadas, e pequenos espaços da escola; as oficinas e Corte & Costura, Tricô e Crochê trabalhão para que no final de suas aulas aconteça uma mostra de roupas e trabalhos manuais. Ainda há a vontade de realizar uma tarde de prestação de serviços na instituição para atrair mais pessoas e a divulgação ter maior abrangência possível. Isso tudo acontecerá de acordo com agendamento prévio.
A execução do trabalho far-se-á em duas etapas sendo que a segunda dependerá do resultado da primeira. Essa dependência se explica pelo fato de que no primeiro momento daremos continuidade aos trabalhos já realizados desde o ano passado, com a adição de divulgações mais notórias pois faremos do painel “Escola Aberta” uma janela para a comunidade que passa pela escola durante a semana. 
No segundo continuaremos as interrelações com alunos e comunidade escolar por meio de post-it   instalados nos painéis, neles a princípio haverá: perguntas, mostras dos trabalhos desenvolvidos e pesquisas de opinião. A partir dessa interação pensaremos formas de entender e atender as demandas, também passaremos a nós ocupar com a organização da “Tarde de Prestação de Serviço na Escola” culminância do projeto. 

5. AVALIAÇÃO

Ao longo do trabalho o surgimento de novos participantes, a visibilidade do projeto frente a comunidade e a melhoria do espaço físico (espaço usado pelo Programa) serão medidores de avanço ou não das práticas adotadas para este semestre. 
Além das reflexões e cumprimentos das demandas levantadas pelos participantes, os produtos finais de cada oficina legitimarão a práxis deste trabalho, sua divulgação nos meios de comunicação e por meio do “boca-a-boca”  que eterniza as ações escolares a muitos anos.  


QUADRO 1:  Quadro de Planejamento de ações e requerimentos.

Projeto
Ações
Requerimentos
Período
1.       Revitalização da frente da escola

1.1.  Pintura dos troncos das árvores;
1.2.  Plantio de flores;
1.3.  Pintura das vigas de sustentação da tela frontal da instituição;
1.4.  Pintura dos portões da frente da escola;
1.5.  Pintura e organização do espaço das escadarias da frente da escola;
1.6.  Pintura dos bancos e mesa/ tocos de árvores;

             1.1.1.         Ofício para angariar doações;
             1.1.2.         Orçamento de materiais necessários para o andamento da oficina;


1° semestre de 2020.
2.            Feira de Artesanatos

2.1.       Agrupar trabalhos realizados pelas oficinas;
2.2.       Marcar uma mateada para apresentação dos trabalhos;
2.1.1. Orçamento para os materiais necessários para a confecção das peças;

1°semestre de 2020.
3.            Painéis Culturais

3.1.       Criação de obras literárias;
3.2.       Apresentação dos painéis;
3.1.2. Orçamento para restaurar os painéis da escola.

1°semestre de 2020.
4.            Campeonato de Futebol

4.1.       Elaboração do doc. com as regras do jogo;
4.2.       Divulgação das regras;
4.3.       Determinação da data para começo do campeonato;
4.4.       Divulgação da data;
4.5.       Jogos;
4.6.       Entrega das premiações.

             4.1.1.         Orçamento para comprar premiações;
             4.1.2.         Ofício para angariar doações de refrigerante;
                         
1°semestre de 2020.
5.        Tarde de Prestação de Serviços
5.1.       Elaboração do roteiro das  solicitações de serviços e atividades artísticas e provável data;
5.2.       Entrega dos ofícios e respostas;
5.3.       Convites para apresentações artísticas;
5.4.       Confirmação data final;
5.5.       Divulgação da data do evento.
              5.1.1.         Ofícios para solicitação das atividades sociais e culturais;
              5.1.2.         Caixa de som da escola;
              5.1.3.         Divulgação do evento durante a semana.
1° semestre de 2020
QUADRO 1: 

[1] informação que o emissor obtém da reação do receptor à sua mensagem, e que serve para avaliar os resultados da transmissão.

[2] Post-It® é uma marca registada da 3M Company que identifica um tipo de bloco de notas composto por pequenas folhas de papel adesivo, de várias dimensões, formas e cores, e que são vendidas em blocos de várias folhas pegadas entre si.
[3] Técnica de propaganda feita de forma verbal de uma pessoa para outra. As pessoas vão comentando uma para a outra e acabam espalhando a notícia. -Não gastamos nem 1 centavo com publicidade, a propaganda da festa foi tudo no boca-a-boca.

domingo, 8 de março de 2020

EDUCAÇÃO SANITÁRIA COMO AGENTE PROTAGONISTA PARA SAÚDE PREVENTIVA




Texto: Relato de Prática, desenvolvido para VIII SICIT/ III Workshop PPG e Mostra de Pesquisa



Diego Emanoel Veis Bentancourt; Robson Garagorry da Rosa; Mariana Gaspar Enderle (orient.)

Tendo como ponto de partida o Programa Escola Aberta para a Cidadania, alinhado ao Programa Saúde na Escola (PSE) que utiliza de uma brinquedoteca na qual se desenvolvemtrabalhos de pesquisa, extensão e ensino, o presente estudo carrega em si a inquietude do pensar Educação Sanitária como agente transformador sócio-bilógico, mudando hábitos para melhorias individuais e coletivas, contrariando as abordagens normatizadoras baseadas exclusivamente em conhecimentos e no modelo biomédico. 

Organizamos uma observação direta, quando notamos a presença de vários canídeos e felinos na comunidade. Em decorrência disso,construímos uma hipótese de prevenção a Toxocaríase, encontrada nas fezes de cães (Toxocara canis) e gatos (Toxocara catis). 

Os alunos foram apresentados ao ciclo da doença e aos respectivos cuidados preventivos, levados a questionarem possíveis meios de transmissão, por meio de conversas dirigidas. Por vontade dos educandos criamos então uma mini-horta com mudas de alface e montamos um modelo de contensão para evitar a contaminação por Toxocara, ou seja, contato de canídeos e/ou felinos na plantação. A pesquisa revelou a importância de metodologias pedagógicas voltadas aos interesses do público alvo da ação; uma práxis preocupada em construir conceitos partindo da convivência humana, uma vez que a saúde do participante da prática de prevenção/conscientização é parte ativa do que ele é, do que sente e vive diariamente.


Educação para saúde; Práticas educativas; Educação sanitária

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

BRINQUEDOTECA E A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS POPULARES BRASILEIROS

Diego Emanoel Veis Bentancourt; Wanessa Pinto de Lima; Mariana Enderle

Resumo: O fato de os contos tradicionais serem um dos meios de comunicação mais antigos de veiculação de informação de um povo, que afirma e reafirma sua cultura por intermédio deles é sem dúvidas significante. Instigado em estudá-los no contexto social, mais precisamente, em uma brinquedoteca, com crianças de faixa etária entre quatro a seis anos, elaborou-se uma oficina de contação de histórias, batizada de: “Hora do Conto”. A ideia principal foi relacionar os contos e recontos das mais variadas culturas de nosso país com as vivencias presentes nos encontros. Partindo da observação direta dessas situações aliadas ao referencial teórico encontrado foi possível delinear o trabalho que parte dos contos populares brasileiros e vai de encontro ao papel social da infância, observou-se então que estes corroboram para o desenvolvimento social, cognitivo e emocional.


Palavras-chave: Contos populares, Brinquedoteca, Infância   

INTRODUÇÃO 

É notório o desenvolvimento das percepções sociais das crianças que têm acesso a narrativas populares – arte milenar que perdura até os dias de hoje, que possibilita a aprendizagem por meio da fantasia (VELASCO, 2018) – nessa perspectiva didática que o presente estudo está inserido No intuito de pensar os anseios das culturas inseridas por meio dos contos e as engendrações resultantes da fusão delas com a bagagem empírica dos envolvidos na contação da história apresentou-se por meio de contos e recontos uma oficina de contação de histórias, denominada “Hora do Conto”, propiciando o contato de crianças com várias culturas por meio de histórias de boca a partir de livros previamente selecionados. Para análise recorreu-se a uma revisão bibliográfica que balizou a práxis do trabalho. Com a intenção de entender os contextos infantis recorremos a Florestan Fernandes (2004); descrever os contos de boca escolhemos Cristiane Velasco (2018); tratamos de brinquedoteca sob o prisma de Aline Sommerhalder, Fernando Donizete Alves (2013) e Antonia Cristina Peluso de Azevedo (2004). 

 BRINQUEDOTECA: OFICINA HORA DO CONTO 

O local de estudo escolhido para executar as experimentações propostas foi uma brinquedoteca“[...] nasceu no século XX para garantir à criança um espaço destinado a facilitar o ato de brincar.” (AZEVEDO, p.48, 2004), não obstante disso o objetivo da escolha desse local se dá pelo fato de ser o lugar mais favorável para as práticas pedagógicas no que diz respeito a contação de histórias dentro do contexto escolar pois “nas escolas, a brinquedoteca possui um objetivo pedagógico. Ela contribui para o desenvolvimento integral da criança e para a sua aprendizagem, tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Fundamental. (SOMMERHALDER; ALVES, 2011, p. 70).   Dada “a maneira como indagam e traduzem o mundo – via metáforas, símbolos e imagens – é muito próxima das narrativas míticas, por meio das quais os mais variados povos buscam explicar a origem das coisas” (VELASCO, p.17-18, 2018) pode-se notar a intrínseca forma como é vista a importância das narrativas para os povos, pois “estão presentes nas mais diversas culturas, sendo um importante elo entre os homens, pois tratam de aspectos fundamentais do humano: a capacidade de criar transformar, imaginar e sonhar.” (VELASCO, 2018, p. 19).  Na brinquedoteca, intitulada “Brinquedoteca: Vivências Significadas”, notamos, de acordo com Azevedo, o compromisso com  [...] desenvolver a imaginação, a criação e a expressão, incentivar a brincadeira do faz de-conta, a dramatização, a construção do pensamento, a solução de problemas, a socialização, a vontade de inventar, colocando ao alcance da criança uma variedade de atividades que, além de possibilitar a ludicidade individual e coletiva, permite que ela construa a sua própria percepção do mundo. (p.48-49, 2004)

Dessa forma, a brinquedoteca abre um espaço de suma importância, unindo a reflexão sobre os contos populares brasileiros e práticas lúdico-pedagógicas. Com essa comunhão de interesses objetivou-se a investigação sobre como as crianças captam e utilizam as informações passadas por meio das narrativas previamente selecionadas.

Todos os povos possuem seus contos, seus apólogos, as suas legendas e é admirável ver como essas tradições, no tempo e no espaço, se submetem ao fenômeno da transplantação sem perder o sinal de origem, e passam de um a outro país, logrando reviver em raças ou povos, as mais das vezes tão diferentes. (GOMES, 1965, p.11).

Essa transcendência que figura sobre os contos populares é mantida pelos interesses de determinado público que é responsável por sua reinvenção, Velasco cristaliza essa capacidade, segundo a autora “[...] essas narrativas abrigam o íntimo universal em que cada um pode se reconhecer à sua maneira – são metáforas da vida, pois trazem registros de sabedoria profunda, aspectos substanciais da jornada humana.” (2018, p.22). Por esse motivo nunca deixam de transcorrer e ter sua legitimidade enquanto propagadoras de lições valiosas para quem as narra e escuta. Essa interação é rica, pois para que esses contos sejam transmitidos implica a adição de elementos particulares do narrador.

O conto [tradicional ou popular] é antigo na memória do povo. Sua autoria é anônima, ou seja, não se sabe quem foi o autor da história, por isso ela é considerada uma criação coletiva – é de todos aqueles que a transmitem e recriam, imprimindo nela toques pessoais e uma identidade cultural (...) Sua linguagem revela marcas da oralidade, trazendo palavras e expressões do registro popular. (VELASCO, 2018, p. 22).

Gomes, ainda ressalta que “admitem os folcloristas em geral que os contos tradicionais são a forma ou a expressão primitiva e espontânea da arte.” (1965, p.11). Isso se dá pela historicidade que estas histórias trazem consigo ao longo dos séculos “tem eles o seu fundo de verdade, a sua poesia amplamente acessível ao sentimento comum de todas as raças, submetidos às leis da acomodação e da adaptação mesológica.” (GOMES, 1965, p.11).


CRIANÇAS E CONTEXTOS INFANTIS: RELAÇÃO ENTRE CONTOS E VIVÊNCIAS 

Parte-se para as experimentações com as crianças tendo consciência de que muito pouco se aborda sobre a construção cultural da infância, como agente portadora de mudanças, a infância parece continuar em estado de inercia quanto as engendrações políticas-sociais Faria, Demartini e Prado afirmam que

Os saberes construídos sobre a infância que estão ao nosso alcance ate o momento nos permitem conhecer mais sobre as condições sociais das crianças brasileiras, sobre sua história e sua condição de criança sem infância e pouco sobre a infância como construção cultural, sobre seus próprios saberes, suas possibilidades de criar e recriar a realidade social na qual se encontram inseridas. (2009, p. 22).
 O que buscou-se com a “Oficina Hora do Conto” foi transcender esse pensamento, ao contar e recontar histórias populares brasileiras incentivou-se a criação de hipóteses para cada situação-problema apresentada, os envolvidos, de posse das ferramentas orais dispensadas durante a narrativa deveriam propor saídas, lançar vozes sobre as vivências relatadas segundo suas próprias bagagens e dialogar entre si sobre essas questões.  Para isso tomou-se como aporte balizador um estudo que está na vanguarda das pesquisas desse assunto “As Trocinhas de Bom Retiro” (1947), do autor Florestan Fernandes que foi precursor na investigação sobre as culturas infantis, “entendendo a criança como participante ativo da vida social, Florestan Fernandes observa, registra e analisa, como constroem seus espaços de sociabilidades, quais as características dessas práticas sociais, afinal, como se constituem as culturas infantis”(FARIA, DEMARTINI E PRADO, 2009, p.30).   Mesmo que a nossa prática não se efetive no contexto espacial da pesquisa de Florestan, não poderíamos deixar de captar para nós as principais ideias desse estudo, pois entendemos que a criança desde muito cedo vem agregando saberes linguísticos, logo:

Desde muito cedo, meninos e meninas possuem muitos conhecimentos sobre a narração de histórias. Aos dois anos a maioria usa convenções literárias em seus solilóquios, jogos e relatos (...) É um indício claro de que nessa idade as crianças já identificam a narração de histórias como um uso especial da linguagem. Essa consciência se desenvolverá até o reconhecimento das histórias como modo de comunicação, uma técnica socialmente para falar sobre o mundo real ou para imaginar mundos possíveis. (COLOMER, 2007, p.54).

 É através desse contexto, que os contos populares têm influência sobre as crianças, no momento que se constata que através deles, os pequenos começam a entender a necessidade da comunicação e que é possível entrar num mundo imaginário e visitar outros lugares fora da sua realidade, mas que também podem pensar ações e atitudes para agirem no mundo real  modificando o meio que estão inseridos e contribuindo para uma sociedade mais justa e mais humana.

CONCLUSÕES  

Tendo em vista os aspectos observados ao longo deste trabalho, pode-se destacar que os contos populares trazem em seu cerne a bagagem de muitos séculos atrás, aspectos sociais de vários povos e etnias e por isso são tão importantes para as crianças, corroborando para seu desenvolvimento social, cognitivo e emocional. Considerar a infância produtora de ações significantes no lugar que ocupa é imprescindível para que o conto não seja apenas uma narrativa vazia, mas, que possibilita o exercício do viver em plenitude, exercendo seu direito cidadão, consciente e capaz de elaborar saídas para seus dilemas de forma crítica e autônoma.

REFERÊNCIAS  

AZEVEDO, Antonia Cristina Peluso de. Brinquedoteca no diagnóstico e intervenção em dificuldades escolares. – Campinas, SP: Editora Alínea, 2004.

COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola. trad. Laura Sandroni. – São Paulo, SP: Global, 2007.

GOMES, Lindolfo. Contos brasileiros. – 3. ed. – São Paulo, SP: Edições Melhoramentos, 1965.

FARIA, Ana Lúcia Goulart de; DEMARTINI, Zelia de Brito Fabri ; PRADO, Patrícia Dias Prado (orgs.). Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças. – 3. ed. – Campinas, SP: Autores Associados, 2009.

SOMMERHALDER, Aline; DONIZETE, Fernando. Jogo e a educação da infância: muito prazer em aprender. – 1. ed. – Curitiba, PR: CRV, 2011.

VELASCO, Cristiane. Histórias de Boca: o conto tradicional na educação infantil– 1. ed. – São Paulo: Panda Books, 2018.

Logo para Pedagogia criado pelo autor. 

História: A Árvore Generosa

Nesse conto a relação de um menino e uma árvore nos remete a estratificação que acontece diariamente e muito pouco é abordada com a real sig...